segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Promessa





Faz hoje um ano desde a última públicação minha no presente blog. O projeto resultou pouco desenvolvido durante o tempo da sua existência. Estes 366 dias passaram como um instante, mas por outro lado abundaram em momentos diversificados que vão refletir nas próximas publicações. Promento voltar a publicar em breve e garanto que a minha cabeça está cheia de ideias que ficam por realizar. O vento novo começa a soprar e vai trazer coisas novas... em breve.

sábado, 28 de novembro de 2015

3. História de uma bola preta



Era uma vez uma menina que se sentia muito solitária. Não tinha amigos, os colegas na escola não gostavam dela e até mesmo faziam piadas da coitadinha. A menina andava sempre de queixo caído, nunca sorria, não saía do seu quarto e chorava muito durante as noites. Nem os livros, nem os filmes constituíam uma fonte de alegria para ela. Os pais alarmados ficaram preocupados. “O que é que podemos fazer?”, perguntaram ao psicólogo conhecido e ouviram uma resposta muito simples e surpreendente: um cão. Fizeram o que lhes foi aconselhado.
Primeiro, viram um anúncio onde uma família oferecia os cachorros rafeiros. “Para as pessoas boas que podem dar aos cãezinhos uma casa cheia de amor”, assim figurava o conteúdo da mensagem. Os pais foram em segredo, sem dizer nada à menina. De entre cinco pequenos seres escolheram uma bola preta tão fofa, como se só pudesse imaginar. Levaram-na para casa. O cachorro passou os seus primeiros minutos no novo lugar, “visitando” e cheirando todos os quartos da casa. A menina ainda não tinha voltado da escola, por isso ele pôde sentir-se livre na sua viagem de exploração do quarto. Depois de ter alcançado o seu objetivo, ficou à espera da conquista do coração da menina. Mas não teve de esperar muito, porque foi um amor à primeira vista. Quando a menina entrou no seu quarto, triste como sempre, a primeira coisa que viu foi uma bola preta deitada aos pés da sua cama. O cachorro ladrou com alegria, mexeu o rabo e correu como maluco até à menina. Começou a lamber a mão dela e neste momento os pais ouviram pela primeira vez há vários meses a gargalhada que saiu da boca da sua filha.
Muitas coisas mudaram na vida da menina. O número das obrigações cresceu: tinha de sair com o cãozinho várias vezes por dia, dar-lhe comida, lavar-lhe as patas, pentear-lhe a pelagem. Resumindo, coisas simples e óbvias que todos os donos de cães devem fazer e que fazem com uma cara de mártires. Porém, ela fazia-o com tanto prazer e amor, que a pouco e pouco se esqueceu das experiências terríveis dos meses passados. Faziam quase tudo juntos e é possível dizer que eram como unha e carne. Finalmente tinha o seu amigo, a quem podia falar, que guardava os segredos e que podia acariciar.
O cachorro preto mudou a realidade inteira desta família. Os pais sentiram como se alguém lhes tivesse mudado de filha. Graças ao cãozinho começou a sair mais de casa. Durante os passeios conheceu outras crianças da sua idade, fizeram-se amizades. Isto teve impacto também nas relações com os colegas da turma. Aceitaram-na e enfim sentia-se feliz. Assim passaram os anos inocentes e ingénuos da infância. Seria ótimo se esta história terminasse assim, com o happy end, como dizem em inglês. Mas infelizmente na vida real há quem diga que poucas são as pessoas que consigam atingir a felicidade. Ouçam o resto da história.
A menina transformou-se numa rapariga e o cãozinho tornou-se um cão. Assim é a ordem das coisas. Com o passar do tempo mudaram os hábitos, os interesses e os amigos da rapariga. Nova escola, novo aspeto e a vida nova. Sentiu grande paixão pela moda, pelos cosméticos e pela internet. Já não passeava com o seu cão e não acariciava à sua bola fofa. Já nem dava-lhe a comida, tudo tinham de fazer ambos os pais. E não protestavam. Viram que a sua filha outra vez se tornou numa pessoa diferente, mas não reagiram. Por outra parte, ninguém observava a conduta do pobrezinho cão. Ele já nem ladrava com alegria, nem mexia o rabo. Além disso, perdeu o seu brilho no olhar. Cada tentativa de chamar a atenção da rapariga terminava em fracasso. Porém, o pior ainda não tinha chegado.
Um dia, a rapariga viu um vídeo num blogue sobre a moda, onde a protagonista tinha como o seu animal de estimação um cão de raça pequena. Na mente da jovem floresceu uma ideia excelente! Ia comprar um yorkie. No início os pais opuseram-se ao plano da rapariga, mas ela, sabendo as técnicas de manipulação, conseguiu atingir o seu objetivo. Assim, o novo membro da família apareceu em casa. Para o cão preto isto foi como se alguém lhe esbofeteasse. A rapariga andava orgulhosamente com o seu yorkinho na mala, levava-o para o centro comercial, visitava com ele os amigos e familiares. Rapidamente a sua popularidade na escola cresceu. Ela ficou muito feliz e os seus pais também. O yorkinho ganhou os corações e a simpatia de todos. Só o cão preto ficou esquecido por todos. Não queria nem sequer viver mais. Dormia muito, quase não se mexia, deixou de comer. Foi o pai, que descobriu primeiro o que se passara com o cão. O veterinário confirmou a sua teoria: o cão preto sofria de depressão. Sim, senhores. Os cães podem ser afligidos por esta doença também.
O fim desta história é triste. Se alguém esperava que a rapariga voltasse a cuidar do cãezinho preto, está enganado. Os pais decidiram livrar-se do problema. A bola preta terminou no albergue de cães. Já não era nem fofa, nem alegre. Ficou desiludida e atraiçoada pela pessoa mais importante na sua vida: a melhor amiga. Entregou-lhe o seu coração, mas perdeu tudo. Graças às modas dos nossos tempos, que são a indiferença, falta de responsabilidade e trato de animais como objetos. Contudo, as tendências seguem assim e ainda se expandem, infelizmente para as pessoas também. Ainda ninguém te expulsou da sua vida? Aparentemente tens sorte. Parabéns!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

2. As mulheres que me dão inspiração



O texto foi escrito há 2 anos, mais ou menos. Decidi publicá-lo cá, para que possam lê-lo e dar a sua opinião.



Para o Leandro, que gostou do texto tanto que fez uma tradução para o espanhol

Quando somos jovens temos muitos ídolos que queremos seguir. Geralmente são os cantores, atores ou modelos. Muitas raparigas quereriam ser como Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Angelina Jolie ou Kristen Stewart. Elas acham que a vida da pessoa famosa é muito colorida, cheia de luxo, de amores, de dinheiro. Cheia de luxo e dinheiro? Se atuam em muitos filmes é possível. Cheia de amores?  Na realidade das aventuras amorosas sem intimidade e sem larga duração. E a vida muito colorida? Eu diria que é a vida só preta e branca sem outras cores. Mas existem as mulheres verdadeiras, que podem ser os nossos ídolos ou que pelo menos são os meus.
Conhecemo-las cada dia. As mulheres, as esposas, as mães. As pessoas que se enfrentam às dificuldades do dia a dia e que não são apreciadas pela sociedade. Vamos conhecé-nas. A primeira é a Dona S., mãe de dois rapazes. A esposa dum alcoólico. Trabalhadora numa fábrica. Sempre com a esperança para o melhor futuro. Uma mulher que ama o seu marido e os seus filhos. Que é paciente e acredita nas mudanças na vida da sua família. Que pode olhar numa fotografia e sabe se uma pessoa é boa ou não. «Esta rapariga tem a bondade nos seus olhos» diz ao seu filho vendo uma foto da namorada dele. «Guarda na memória que os olhos são o espelho da alma» acrescenta. Mas o seu coração está partido quando vê que os olhos do filho mais novo mostram o sofrimento. O sofrimento por apaixonar-se pela rapariga inadequada.
Pela outra parte temos uma mulher diferente, a Dona K., mãe de duas raparigas, divorciada. A mulher dos negócios, que deixou a sua antiga vida e começou o novo etapa. Trabalha numa cidade grande, tem o seu próprio apartamento, que comparte com as filhas. Uma mulher lutadora e resistente. Que quer conseguir os seus sonhos. Que é directora, ganha muito bem, viaja e conhece outras culturas. E que pode manter as suas filhas facilmente. Uma mulher independente.
Além disso, temos outro caso, a Dona D. A mãe solitária. Divorciada. O seu marido «desapareceu» quando a filha única deles tinha 3 anos. Desapareceu, ou seja, decidiu deixar a sua família e criar outra. A Dona B. ficou sozinha com a pequenina e com os seus pais, ambos doentes. Trabalhou como enfermeira num hospital local até ouvir que ela está doente. «O cancro» ouviu. Mas venceu-o. Infelizmente os pais dela morreram, mas ela está viva. Ademais, a filha dela estuda e tem quase tudo o que quer. Graças a sua mãe, à mulher trabalhadora e resistente.
Finalmente, Dona B., a minha mãe. Uma mulher que se dedicou a ensinar-me as coisas que são boas na vida e as que não. Que suporta os problemas das suas filhas. Que não pode dormir porque se preocupa com a sua família: dos seus pais, das filhas, do marido. Uma mulher que quer satisfazer a todos, que tenta preparar o almoço extraordinário. Mas sempre há alguém que não gosta deste prato. Uma mulher que quer o melhor futuro para as suas filhas e que se preocupa das escolhas delas. «Mãezinha, não sou criança, sou adulta. Eu serei responsável pelas minhas derrotas» digo. «Ana, para mim és sempre criança e serás criança» responda. «Algum dia, quando terás filhos, me comprenderás». Uma mulher protetora.
Em conclusão, eu conheço todas estas mulheres e para mim são as pessoas que me dão inspiração. As que admiro, porque me mostram como lutam com os problemas. Como se levantam do chão depois da derrota. São lutadoras sem dúvida! É óbvio que não todas as mães são assim, infelizmente. A Katarzyna W., de Sosnowiec, que matou a sua filha pequenina, definitivamente não é pessoa que merece o respeito. Não deveria ser mãe, mas não todas as pessoas que vivem são boas. A vida é assim. Gostei muito da citação que encontrei do escritor russo Mikołaj Ostrowski «Vive no mundo um formoso ser a quem somos eternos devedores – é a mãe»[1].






[1] Jest na świecie piękna istota, u której jesteśmy wiecznymi dłużnikami – matka.
 


sábado, 12 de setembro de 2015

1. Já sei o que é amar



O cão ficou preso. Quer por sua própria culpa, quer pela falta de atenção dos terceiros. Dos moradores do nosso prédio e também dos funcionários de Instituto do Desporto e Juventude. Os primeiros não fecharam o portão e os outros ao contrário. O fecharam com um cão lá dentro.

Opção 1: O que aconteceria na Polónia?
Pois os donos do cão trazeriam a comida para que ele pudesse dormir e o deixariam assim até ao dia seguinte. Com certeza absoluta não seria nenhum problema que o animal dormisse lá, encerrado, dado que no dia seguinte podiam abrir o portão facilmente com a chave. Além disso, não faz frio fora durante a noite. Às vezes acontece.

Opção 2: Ninguém se daria conta do sucedido.
Como todos estamos muito ocupados com a vida seria possível que nem notássemos que o cão desapareceu. Se calhar no dia seguinte. Tanto faz, o cão passaria a noite preso igual.

Opção 3: O que aconteceu?
Pois a Dona do cão viu que ele estava preso. Primeiro aproximou-se e deu-lhe um abraço e um beijo para que ficasse mais tranquilo. Logo ligou para os bombeiros e a polícia. Chegaram rápido e a missão de resgate começou. Seis bombeiros e dois polícias ficaram preocupados com a vida do cão. Entraram no prédio usando escada, agarraram o cão e saíram com a vítima. A Dona e a sua filha correram para dar um abraço ao cão e agradeceram muito aos salvadores! Eis o alvo do bombeiro! Ajudar, ante tudo!

Se tivesse a dúvida o que significa amar a um animal, já estou sem ela. Vi com os meus próprios olhos a dor da família cujo cão ficou preso. É suficiente. Já sei o que é amar.